É preciso, a cada instante, saber liberar-se:
como flor que se abre, perfuma, embeleza e vai-se, como vento que acaricia e
passa, como onda que se eleva e cai, para novamente elevar-se.
É
necessário renascer, a cada hora, para gozar a libertação em suas formas mais
reais, livres da ilusão. No gesto mais singelo está a beleza do movimento.
Aqui
e agora é preciso abrir os olhos e tê-los sempre novos, para ver a Vida que se
expressa diversificando; contemplá-la e encontrar seu ritmo.
É
preciso saber entoar o canto cósmico, em escalas sempre crescentes, em
compassos sempre mais refinados, para atingirmos a música das estrelas e ter
ouvidos de ouví-la.
É
no abrir-se, no renovar-se, no perfumar e expandir-se de cada momento, que se
perpetua a eternidade consciente, que se capta a vibração própria e se percebe
o alvorecer da Luz.
É
pois importante que se livre dos muros, obstáculos, das amarras e correntes da
defesa mental, de sugestões impróprias, de escravidões antigas.
É
mudando padrões, mas respeitando a Lei do amor e os vínculos do sentido da
unidade, que se chega à alegria espontânea, do Ser liberado. É usando a
intuição que se conhece a integração maior do espaço coletivo.
Na
polaridade do mundo, tudo tem seu verso e reverso; prazer e dor, luz e sombra,
calor e frio. Só além dessa dimensão é que está a Luz sem sombra, o som
imanente, a percepção global. Só transcendendo a condição humana densa se rompe
a dualidade do mundo fenomenal para atingir o superior.
É
preciso saber ser simples para estar aberto às construções e elevações da Lei
que tudo abrange; é necessário ter flores sobre as mãos e música nos lábios.
É
preciso observar, a cada tempo, a hora do plantio ou da colheita e sorver a
água viva que jorra do cântaro divino. É preciso, como o Cordeiro, saber abrir
os selos, como o lótus, abrir e girar as pétalas já iluminadas.
É necessário conhecer a Verdade para que ela promova a
libertação pessoal e coletiva. O caminho é árduo, mas foi proposto a toda
humanidade, como vitória final.