sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O SIMBOLISMO DA CRUZ


Entre os vários simbolismos religiosos, a Cruz – que é símbolo em várias épocas e entre vários povos – é um dos sinais simbólicos mais antigos, mais complexos e menos estudado em todos os seus significados.  

        Na cruz estão valores e energias ativas e irradiantes (na vertical) e passivas e atrativas (na horizontal). O fluir e o refluir dos ritmos da vida.

        Quando Jesus diz, por exemplo, “toma tua cruz e segue-me”, muita gente entende apenas parte do simbolismo. Pensa no peso, no sofrimento, nas dificuldades, na cruz dolorosa. Esquece-se de sua energia gloriosa, de sua direção para o alto.

        Na cruz estão também as responsabilidades que preenchem nossas vidas e criam as alegrias do cotidiano, estão valores éticos, energia do fazer crescer, ainda que com um certo esforço. Bem como os estados horizontais passivos, o aquietar-se, o perceber, o receber ou o deixar fluir no tempo certo. Um trabalho complementa o outro.

        Ativo e passivo, dar e receber, cair e levantar-se são conquistas da escola humana, do crescimento individual. São valores que, entendidos, nos levam ao Cristo culminância da subida, ou nos derrubam ao solo, ponto da matéria mais densa, do começo da subida.

        Morte de (ou na) cruz é também desapego do plano material em suas várias manifestações, para uma maior identificação com realidades mais elevadas onde o espírito tudo vivifica e amplia. “Sois o sal da terra e a luz do mundo”, disse Jesus, àqueles que o seguiam.

        No Apocalipse está escrito: “Aquele que é digno de receber o livro e abrir os selos...”, referindo-se ao Cordeiro que foi imolado na cruz para abrir caminho para a humanidade. Caminho de vida, não de morte, pois “já somos filhos de Deus, porém o que seremos ainda não foi manifestado”. Diz São João que “sabemos que por ocasião da manifestação seremos semelhantes a Ele (o Cristo)". “Tenho muitas coisas a vos dizer mas não podeis agora compreender”, disse Jesus. Os olhos jamais viram o que Deus preparou para aqueles que o amam.

        Sabemos portanto apenas de nossos embaraços de agora, mas não sabemos o que está preparado para os que entram na luz de Deus. Não nos é ensinado que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus onipresente? Que somos templos do Espírito?
        Não podemos deixar de crer num futuro luminoso para os que entram em sintonia com o Criador, para os que O invocam, se aquietam e se colocam receptivos à sua graça. 

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