Entre os
vários simbolismos religiosos, a Cruz – que é símbolo em várias épocas e entre
vários povos – é um dos sinais simbólicos mais antigos, mais complexos e menos
estudado em todos os seus significados.
Na cruz estão valores e energias ativas e irradiantes (na vertical) e passivas
e atrativas (na horizontal). O fluir e o refluir dos ritmos da vida.
Quando Jesus diz, por exemplo, “toma tua cruz e segue-me”, muita gente entende
apenas parte do simbolismo. Pensa no peso, no sofrimento, nas dificuldades, na
cruz dolorosa. Esquece-se de sua energia gloriosa, de sua direção para o alto.
Na cruz estão também as responsabilidades que preenchem nossas vidas e criam as
alegrias do cotidiano, estão valores éticos, energia do fazer crescer, ainda
que com um certo esforço. Bem como os estados horizontais passivos, o
aquietar-se, o perceber, o receber ou o deixar fluir no tempo certo. Um
trabalho complementa o outro.
Ativo e passivo, dar e receber, cair e levantar-se são conquistas da escola
humana, do crescimento individual. São valores que, entendidos, nos levam ao
Cristo culminância da subida, ou nos derrubam ao solo, ponto da matéria mais
densa, do começo da subida.
Morte de (ou na) cruz é também desapego do plano material em suas várias
manifestações, para uma maior identificação com realidades mais elevadas onde o
espírito tudo vivifica e amplia. “Sois o sal da terra e a luz do mundo”, disse
Jesus, àqueles que o seguiam.
No Apocalipse está escrito: “Aquele que é digno de receber o livro e abrir os
selos...”, referindo-se ao Cordeiro que foi imolado na cruz para abrir caminho
para a humanidade. Caminho de vida, não de morte, pois “já somos filhos de
Deus, porém o que seremos ainda não foi manifestado”. Diz São João que “sabemos
que por ocasião da manifestação seremos semelhantes a Ele (o Cristo)".
“Tenho muitas coisas a vos dizer mas não podeis agora compreender”, disse
Jesus. Os olhos jamais viram o que Deus preparou para aqueles que o amam.
Sabemos portanto apenas de nossos embaraços de agora, mas não sabemos o que
está preparado para os que entram na luz de Deus. Não nos é ensinado que fomos
feitos à imagem e semelhança de Deus onipresente? Que somos templos do
Espírito?
Não podemos deixar de crer
num futuro luminoso para os que entram em sintonia com o Criador, para os que O
invocam, se aquietam e se colocam receptivos à sua graça.
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