segunda-feira, 9 de abril de 2018

Simplicidade II


Transcendentalismo poderia ter sido este encontro se sua marca maior não fosse, justamente, a simplicidade mais pura diante da descoberta.
Somos crianças, repentinamente crescidas pela graça maior.
Assim, repartimos fraternalmente contigo, todos os convites, as profundas experiências de um céu que se instalou ao alcance de todos para ser mais real. Dentro desse longo gesto simbólico, entranhando nos detalhes, nos descobrimos unidos pelo mesmo ideal.
Pintamos, então, o retrato do Mestre, como quem refaz a própria imagem; não as feições, os cabelos, o riso leve, mas a meditação dos olhos, a forma mais grave dos contornos, o gesto simbólico; dentro desses detalhes construímo-nos como um só conjunto armado em luz, depois de todas as lágrimas e escuridão vencidas.
Junto ao pincel, que pode ser caule ou corola, tudo é passível de criação, de violento reconhecimento e expansão.
A grande glória do silêncio fez possível todas as sutilezas que vamos compondo juntos, como versos muito nossos e capazes de captar um mundo irrevelado aos cerceados pelas palavras, gestos e confissões.
Cada dia penetramos mais o silêncio, como escafandristas que ainda não sabem bem onde achar e o que fazer com a plenitude.
No momento, repartir, simplesmente, as dádivas é o primeiro e imperioso impulso. Conhecer as possibilidades da luz é a grande esperança.
Agora descobrimos as formas insuspeitadas e as cores que assinalaram a extensão de um amor que pode ser proclamado ao mundo. Nada ficará definitivamente oculto, quando se alinharem as flores de nosso longo diálogo e a busca puder tomar palavras.
Pássaros alvos e esguios evolucionarão sobre nossas cabeças, proclamando a liberdade. Hoje todo o horizonte desvendará um sol novo, capaz de despertar os mais rudes.
É preciso que tenhamos nas mãos uma rosa, para que cada entreabrir de suas pétalas seja uma batalha ganha, dependendo de nós reflorir o mundo e devolver-lhe a esperança.

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