Não mais irei ao
encontro da noite como única companheira, ou à terra do silêncio como refúgio
às respostas que não vi. Dispenso a bagagem de longa caminhada.
Já não partirei.
Quero de volta o meu lugar, minha rota, meus sapatos. Não chamarei a morte para
repouso do meu ser, nem cobrirei o rosto para tirá-lo. Vivo ainda do mundo que
palpita. Não quero a fuga ou o desterro. Resolvi tomar todas as armas e fixar o
acampamento para qualquer resistência. Tentarei sair do sonho, do cerco dos
fantasmas, para a realidade que sempre evoluirá em luz, mais luz. Vou contar as
horas com curiosidade, descobrindo tudo que olhei sem ver ou que vi sem
existir. Aceitando o medo, posso medir-lhe o tamanho e transpor os seus
limites, porque acima dele sempre haverá paz.
Vou acender a noite
para que ela não me intimide. Quero música e silêncio intercalados, convivendo
como amigos.
Já não vou seguir.
Quero a extensão da alma na amplidão da vida e ficarei acordada à espera de um
canto ou um sorriso para entender o mundo diferente. Para descobrir ou
redescobrir o que ele escreve em suas entrelinhas; as palavras que diz, as que
sugere, as que esquece nos bancos das praças ou nos encontros de amigos. Vou
ver o que ele liberta, o que concede, o que arrebata; saber como se luta nesse
mundo e se sobrevive feliz.
Se queres, levo-te
comigo. Vou indagar das confidências da noite sobre os lagos mansos, ou da voz
das folhas habilmente manejadas pelo vento. Posso até quebrar as palavras para
uma intimidade com as letras que não li, ainda.
Já não partirei no
início do dia, quero conhecer o colorido da tarde e prolongar o curto
calendário que me fora traçado. Quero de volta o meu lugar, minha rota, meus
sapatos.
(Texto integrante
do livro ROTA DE SONHOS, Ed.Manduruvá, BH/2019)
Obs. O Livro ROTA DE SONHOS encontra-se à venda, em
horário comercial, na casa INTEGRIDADE (Adriana), Rua Sinval de Sá, 609, Cidade
Jardim – Tel. 3335-5433. Também pelo e-mail da autora: celialaborne@yahoo.com.br
2 comentários:
Muito lindo!!!
Amei!!!!
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