Aceita
em paz, e de coração alegre, a companhia que te fazem, tanto aqueles que são
maiores do que tu e sabem mais, e veem mais longe, como aqueles que, sendo
menores e mais limitados, por isso mesmo se julgam os mais perfeitos e aptos a
te ensinarem.
Recebe a todos de coração aberto, pois a cada instante pode brotar de qualquer
lábio o pedaço da Verdade que te faltava, ou que buscavas no momento. No
borborinho do tagarelar alheio pode vir uma mensagem para ti, ou podes deixar
ali tua mensagem.
A Vida usa teus amigos, teus irmãos e até aqueles com os quais não te
sintonizas, para ti falar e ti ensinar. Aprende, pois, a ouvir.
Ouve sempre com paciência, sem agressividade, sem ondas mentais de espanto ou
luta e competição. Deixa que as palavras cheguem e partam, retirando delas
apenas o que te caiu no coração, não no intelecto. Ouve sem recriminar, sem
disputar, sem competir ou impor teu pensamento. Tens o teu sinal interior e
nada pode te abalar.
Ama igualmente a compreensão e a incompreensão dos companheiros, são apenas
passos mais leves ou mais lentos que escutas ao teu lado. Faz sair da tua boca
só aquilo que embeleza ou engrandece o mundo, o que alegra o irmão, o que
expressa corretamente a percepção mais clara da verdade e deixa que a Vida faça
o resto por ti.
Ficarás surpreso como o esplendor que nascerá em teu caminho, quando tu o
fizeres limpo, puro e luminoso.
Usa sempre a beleza de cada momento em favor de alguém. A palavra que conforta,
o pensamento que eleva, o gesto que perdoa. Entrega a todos o botão entreaberto
que se vai revelar em perfume.
Não é preciso, nem deve haver um programa para melhorar tua vida; vai
espalhando a paz e o carinho conforme a necessidade que encontrares. Não é
necessário ser uma enciclopédia ou professor graduado, não é preciso rótulos ou
definições. Sê apenas a flor que precede o fruto, a semente que contem a
árvore, a água que refresca e passa.
Se não te é dado brilhar como o sol, sê um raio da lua, se não é tua a sinfonia
universal, sê a nota de harmonia, a vibração do amor.
Não deixes passar em vão o tempo da beleza, o momento da entrega, a hora da
comunhão.