Foto do aniversário de 50 anos de Guinard, em 1946
Autor da foto desconhecido
Quem
escreve e, como nós, não é muito organizada, vai guardando um papel ali, um
livreto aqui, uma lembrança além e quando vê, surge, de repente uma surpresa.
Outro
dia, encontramos um pedaço do passado remoto que envolve muita gente hoje
conhecida e admirada. Estudávamos na primeira turma da Escola Guignard, e logo
formou-se um grupo muito afim. Mário Silésio, Amilcar de Castro, Maria Helena
Andrés, Farnese Andrade, Heitor Coutinho, Chanina, Petrônio Bax, Solange
Botelho, Marília Gianetti e muitos outros.
Ao
grupo, juntavam-se, quase sempre, os jovens poetas e literatos da época. Entre
eles, Hélio Pellegrino, Edmur Fonseca, Sábato Magaldi, Octávio Mello Alvarenga
e, o muito conhecido Wilson Figueiredo, além de tantos outros que foram tomando
seus rumos de crescimento na literatura, jornalismo, ciências etc.
Na
ocasião, o grupo da literatura publicava os cadernos “Edifício”, dirigidos, se
não me engano, por Wilson e Octávio Alvarenga, onde o grupo publicava, a cada
número, suas iniciações literárias.
O
Caderno nº 2, que estava entre meus guardados, trazia poemas de Hélio
Pellegrino, na ocasião estudante e muito amigo de meu irmão, também médico,
Ângelo Laborne. Hélio, depois, foi grande psiquiatra no Rio de Janeiro.
O Edifício nº 2 trazia os poemas:
Poema do Príncipe Exilado, e Deixa que eu te ame, do inquieto Hélio. Retirei do
primeiro, assim ao acaso, esse pequeno trecho:
“A
pérola, a gravata, o anel cravejado?
Quem
sou eu que de repente abre a porta,
E se esquece e
responde pelo nome: DESVAIRADO!
Quem sou eu
que, de luto, amanhece entre jornais,
E pela noite
traz um cravo e um sorriso no automóvel?
Quem sou eu
que respiro entre escuros volumes,
Frios de fria
morte encadernada!
Quem sou eu
que com um alfinete adormece a amada
Para cruzar
descalço os ladrilhos transversais,
À procura do
passado?”
Assim era o saudoso Hélio e o saudoso tempo da
Escola Guignard, dos cadernos do Edifício e dos antigos que passam, e não
morrem, mas de repente gritam:
Estou aqui!!!
Um comentário:
Celia, belas lembranças de um período muito especial da cultura em Minas. Muitas pessoas talentosas e de sucesso com que voce conviveu e cresceu.
Parabens por ativa na flor dos seus 90 anos! Gostamos muito de papear com voce hoje no Integridade.
Bjs de Silvio e Valeria Mantuano
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