domingo, 22 de julho de 2012

Contemplação


A busca de Deus começa no aquietamento e no relaxamento físico e emocional – como se limpássemos o caminho – depois vai até a concentração da mente no único objetivo: Deus. Feito isso, abre-se a porta da contemplação ou percepção direta da luz divina; percepção esta que vai sendo atingida em vários graus segundo a graça e a persistência de cada um.
Para se fazer esse caminho é essencial que nada seja forçado ou tenso – mas que se tenha a fé de uma criança – e sobretudo, que não se perca de vista a meta suprema. É preciso crer na luz que nos atrai e saber que essa atração é natural e constante, apenas não podemos percebê-la se estamos envoltos em súplicas, técnicas complicadas ou frases bonitas e expectativas mentais criadas por nós.  
Contemplar é estar inteiramente voltado para Deus, imerso Nele, confiando que Ele é que faz o trabalho, não a ciência ou o esforço da mente humana.  Nessa hora não se pode carregar remorsos, dúvidas, pedidos, medos ou desânimos, ou qualquer negatividade.  Até mesmo a oração muito tensa, é um peso a ser deixado na subida para o plano divino.  
Contemplação não é estudo de um trecho literário, não é técnica física, é abandonar-se em Deus, um soltar-se em sua luz, sua fonte e energia. Na profundidade de cada um está o reino onde se dá o encontro com o Pai. É ali que se pode submergir na luz e na paz; dentro de um silêncio interno e indispensável, uma suave quietude, uma confiante espera.
Na espiritualidade, fala-se de uma oração centrípeta, que é este voltar-se para o centro, repetidas vezes, até se perceber o Cristo interno, o núcleo de luz. Aí tudo se transmuta, se unifica e renasce.
Deus se põe ao alcance de todo aquele que O busca acima de tudo, com todas as forças e grande atração por Ele, sem impaciência, sem dúvida. É o que dizem os contemplativos de várias correntes místicas.
O primeiro encontro é sempre o mais difícil. Depois de aberta uma vez, o portal interno se abre com mais facilidade a cada novo bater.
Estamos no tempo do batismo do fogo e se não chegarmos a encontrar a entrada do redil e o Pastor que está à nossa espera, ficaremos do lado de fora expostos a mudanças que a cada vez se tornam mais violentas.

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