domingo, 23 de junho de 2013

Regressão



- De que antiguidade brota esse som, essa aura, essa suave imagem?
- De que tempo vem esse encontro e essa mensagem que aos poucos chega? É como se através de idades perdidas a alma se reencontrasse, se integrasse maravilhada e rejuvenescida.  Pois a intensidade da luz que se expande tem o brilho da eternidade, a marca do despertar.
- Em que profundo desdobrar o coração tocou essa força imanente do dinamismo da radiosa presença interna? Desse irradiar de estrelas? Como flores novas, brotam incontidas e suaves palavras de antigo e festivo amanhecer. É nesse clima que se abre vibrante a sensibilidade para o puro canto, ou o reconhecer diáfano.
         Mora hoje, na saudade um distante iluminar; são sucessivas ondas onde o Mestre ou Irmão tece liames de beleza indecifráveis. Branquíssimo é o Lótus sobre a cúpula do tempo; imaculado é o afeto desse aprendizado divino que se renova a cada hora. É paz no coração esse místico recordar. A luz se infiltra em transparências e reflexos. E mesmo o reconstruir, sobre ruínas, torna-se possível, nesse clima novo.
         A atração do infinito é irresistível mas a senda é estreita no contato sutil com a matéria; e não há outra porta. A mente intui os planos da harmonia viva, porém não sabe expressá-los em palavras.
      Chamo então a luz interna, e a imaterial presença e peço: canta-me teu hino, teu poema de retorno, para que não pense que essa aurora clara seja ilusão da mente. Permanece um instante ainda enquanto o vento modula um mantra de força e pureza. Repete-me, mil vezes, as cenas da beleza profunda que vêm suavemente acordar-me de antigo sonho.
     Chama meu nome novamente, possantemente, com essa vibração de comando que me faz flutuar entre estrelas fulgurantes. Chama-me com tua voz de presente e de passado, acorda-me com essa benção que apenas pressinto, para que o coração possa abrir-se tranquilo às ondas do amor infinito, e saiba irradiá-las ao mundo. Ensina-me a captar corretamente o sentido da mensagem que aflora imanente de todos os lados, numa orientação dinâmica.
         Cria, ainda que uma só vez, essa emanação etérea para que possa aprender a sintonia de teu chegar e de teu partir, enquanto o Lótus se entre-abre e a alma canta. Como astro de luz fala-me de tua órbita onde gravito em permanente e sofrida busca, até que se estabeleça a energia crística, do grande alvorecer.

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