Não é possível que marchemos assim quase em
uníssono com passos gêmeos numa estrada que não sabemos se é nossa ou até onde
nos levará. Não há marcos de certezas nem setas de roteiros definidos, nada nos
fala de direitos herdados ou conquistados. E todas as pesquisas são sempre
experimentais, como se devêssemos arriscar tudo pagando o alto preço dos sonhos
que nos assaltam.
Se na próxima hora nosso relógio marcar horas
concretas talvez despertemos sem susto para uma realidade cômoda, mas por
enquanto há nuvens sob nossos pés e nada nos pode parecer impossível.
Quando o silêncio marcar a palavra para a
quebra definitiva de nosso transe tácito, saberemos se a quietude foi de
proteção ou feita apenas para machucar.
E a beleza se afigura a cada hora como uma
promessa mais certa, mais capaz de forma, gesto e realização. De nosso
trabalho, e até de nosso ócio pode partir a primeira idéia que nos libertará
como se fôramos predestinados à espera do sinal, da redenção tão próxima que
assusta não só nossos sentidos, mas a própria integridade de nosso Ser.
Cada medo é a porta de uma claridade tão
intensa que se vai abrir como corola lenta aos nossos olhos deslumbrados. De
nosso assombro e nossa temeridade dependerá o passo mais avançado.
E tudo que ficou para trás
perderá sentido como se nascêramos daquela experiência extraordinária.
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