Escuta a hora do teu silêncio e nela, para e
medita. Todas as flores brotam no silêncio, lentamente, e, também assim, hão de
nascer tuas vitórias e sorrisos; e há de jorrar a sabedoria madura para encher
todos os teus tédios.
Estamos no tempo violento do acordar, do
aceitar realidades; por isso deixa que o silêncio seja teu companheiro para que
possas ouvir a melodia do infinito... A cada dia, mais forte será a luz que te
ampliará os horizontes e a flor nova fará sereno o despertar, para mostrar-te
como é fácil o caminho, se nele a plenitude começa a ter lugar.
A aurora do mundo é construída de amor e toda a
paz vem do silêncio, fertilizando no impulso interior que se desdobra e se
propaga, sem violência, apesar de toda a grandeza e magnitude de sua força.
Será sempre fácil recriar o amor se com ele se forem
construir todas as coisas serenas, para um mundo mais irmão; se, com ele, se
abrirem os horizontes das possibilidades humanas ainda adormecidas. Será suave
construir o perdão quando dele nascerem as palavras exatas, para traduzirem as
ideias mais fortes e se ligarem, nele, os dínamos insuspeitados de cada ser.
Será fácil recriar o amor quando o esforço for
comum, a todos ou a muitos. Por enquanto, apenas a escuridão da noite é real e
a lamentação faz estigma sobre o mundo. Ela é fraca tarefa para os descrentes
da vida que nada veem, além de suas próprias limitações. Mas a cruz está
iluminada, e espera-nos.
A suprema fonte permanece intacta, sem que os
sedentos a toquem, sem que ao menos, creiam em sua existência, enquanto o mundo
rui em suas bombas.
Entretanto, no silêncio interior, o homem
desperto se conforta e se pacifica. Nasce, então, a esperança de que o mundo
reconheça seus destinos mais reais, suas fantásticas possibilidades de crescer
e transcender. Quando se percebe o infinito de nossos horizontes, as mensagens
se transformam e ganham vida. Novo é o Ser que se conhece e se desdobra para
que outros, também, cheguem a se conhecer melhor.
Mansamente, como planta
viva, o mundo prepara-se para sua grandeza e, sem compreendê-la, assusta-se com
seus achados. No mistério do desabrochar há toda a história da plenitude,
lentamente apalpada e quase reconhecida.
Esmeralda entre pedras, concha sob a areia. Será fácil recriar-se o
mundo se nele forem despertadas todas as potencialidades do amor maior.
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