E, de repente, estávamos assim lado a lado e sorrias tantas
alegrias, que parecia haveres sintetizado o sonho de mil histórias construídas
para a festa mais sutil e leve de nossa vida.
E, por muito tempo, permanecemos juntos, às vezes dialogando –
sem vê-lo – com todo um grupo interessado em concretas realidades, em banais
realidades.
Tudo assistíamos, de tudo aparentemente participávamos para que
nosso embaraço fosse escondido de nós mesmos e do medo de, de repente,
sentirmos que nos comunicávamos, suavemente, fora da órbita em que gravitavam
as conversas e os interesses mais imediatos.
E, lembro-me bem, era o teu sorriso muito amplo, um tanto
nervoso, belamente artificializado que marcava mais aquela hora, como se dele
dependessem todas as nossas futuras alegrias. E, nesta hora, a profundidade dos
teus olhos se fez tão sem limites que, por um instante, achei-me perdida na
noite mais cheia de constelações, e labirintos e grutas. Encantou-me a presença
luminosa de realidades que não iriam jamais amanhecer, pois são demasiado
fugazes todas as viagens pelo interior iluminado de um olhar assustado e
irreprimivelmente aberto a outro olhar.
E, por um momento, a noite foi mais fantástica do que as
histórias e as realidades palpáveis, tão distanciadas de nossa peregrinação de
loucos poetas pelo mundo do faz de conta, pela terra dos estreitos
encantamentos que só atingimos quando se purifica uma parte de nosso ser pelo
amor, enlevo ou a indefinida ternura.
E, o mais estranho, é
que depois, como se a noite se apagasse, não chegamos, sequer, a nos
despedirmos.
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