Quando as horas, por um
momento se iluminam, impossível é conter esse júbilo crescente. Como luas
multiplicadas, como estrelas bipartidas, a penetração da luz faz um cenário de
difícil descrição.
No
silêncio da madrugada prepara-se a festa maior. Lento pressentimento que nasce
e s e avoluma e transborda sobre a aridez
da Terra numa lenta iniciação.
Não
é fácil registrar as premonições do dia da Luz mais forte e tão violenta que
pode ser confundida com a Luz total.
Tenta-se
chegar à compreensão coletiva, mas as palavras são restritas e incompletas para
transmitir o que só a experiência acusa e guarda como presença viva. É uma
história que se vai escrevendo sem que o final possa ser divisado.
Serenamente,
de mãos dadas com o amigo, percorre-se o campo novo que o plano mais alto
indica como a segura sequência da jornada. E as horas da amargura ficam
apagadas, sem alimento certo para suas dores cotidianas.
É
preciso que deixemos, então, que as horas de luz se repitam numa escala
gradativa que pode trazer tropeços e surpresas, mas que sempre ascenderá para a
espiral correta da evolução humana.
Quando
as horas por um momento se iluminam, as salas, sem dimensão, se desfazem; os
relógios sem horas param, o passado e o futuro se confundem. A realidade do
presente em franca fase de amadurecimento se impõe.
Hoje,
gostaríamos de colocar em todas as mãos, uma das chaves encantadas do reino
onde as fronteiras se dissolvem e as lutas se amenizam até perderem sua razão
de ser. Hoje, gostaríamos de ser o canal perfeito onde escoa a palavra exata
para cada ouvinte preparado. Porque, quando as luzes brilham mais, sua expansão
é quase espontânea e só o limite das palavras se interpõe entre a experiência
real e o ouvinte neófito. A cada dia, pela necessidade de se transmitirem as
realidades, elas se fixam mais em nós como expansão de nosso tronco em raiz,
caule, flor e fruto.
Gostaríamos,
hoje, que ninguém ficasse sem sua parcela de comunicação, sem sua nota no
clarim do despertar, para que o dia fosse definitivamente marcado pela presença
maciça da revelação que se fixa e cresce, para um dia atingir o infinito.
Assim
faríamos, juntos, um canto de saudação e busca, dentro de uma melodia que está,
a cada hora, mais definida e capaz de revelar-se como um coro de harmonias
individualmente ensaiado, mas homogeneamente consciente do conjunto e de sua
afinação.
Vamos
então, cantar a vida que flui e se manifesta em vozes, versos e instrumentos
para encher o mundo de afirmações corretas sobre o poder das vibrações que nos
são transmitidas do infinito.
Tua voz, hoje, é parte deste coro, se o quiseres, e a
ametista é tua cor ou tua luz crística.
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