No ensinamento oriental, a expansão da consciência,
tentando a universalidade de pensamento, é de primordial importância. O homem,
no seu viver diário e envolto nas solicitações exteriores e sensoriais,
dificilmente alcança a compreensão e, menos ainda, a vivência ou consciência da
onipresença e sua participação nela.
Nada existe fora dessa energia cósmica que tudo
interpenetra, anima e vivifica. E, nada existe diferente dela, em lugar algum
do mundo. Essa grande unidade de energia, força e perfeição é chamada Deus, Luz
universal, Fonte original, etc., mas todos reconhecem que é a natureza e o
começo de tudo.
Vê-se aí que a origem de tudo é boa e perfeita, sábia
e equilibrada. Só os seres que tentam, por processos mentais, se separar da
comunhão com o todo, sofrem carência e privação. O individualismo humano é a
grande ilusão de uma personalidade com poderes e inteligência própria e
separados do todo.
Essa ilusão é chamada, no Oriente, de Maya e a todos
envolve até que o caminho interior, devidamente percorrido, abre a porta à
realidade do próprio EU, que é o átomo perfeito da Vida una. Daí a importância
que se dá, no Oriente, à concentração e à meditação, caminhos férteis de
autoconhecimento e liberação.
Quando se procura aproximar-se da própria realidade
interna, do verdadeiro EU é que se passa a conhecer, mais e mais, a frágil
aparência que, por longo tempo tomamos como sendo nossa individualidade. Quase
todo o plano de vida traçado por aquele que encontrou o caminho vai caindo por
terra, impulsionado pelo crescente renascer, de incontrolável força. As regras
mais significativas do jogo mundano perdem o sentido, dissolvem-se no vazio.
Posição, nome, apegos, carreiras, tudo toma uma
atmosfera de irrealidade e se desfaz como fumaça leve, ao sopro do vento do
conhecimento real. O alargar dos horizontes dá uma perspectiva nova que palavra
alguma pode explicar ou descrever. A transformação interna, inicialmente
tímida, ganha um dinamismo insuspeitado e incontrolável, como acionado por
invisível mão superior. As modificações, a cada hora, aprofundam-se mais,
firmam-se em novas bases, refazendo um escalonamento de valores internos e
externos, que não pode ser concebido pelos que ainda dormem o sono da
irrealidade do Ser.
Por isso, os choques são muitas vezes inevitáveis,
entre a perspectiva clara que se abre ao que busca, e o conjunto de leis que
formam o mundo fenomenal, onde se debate a maioria dos homens.
Renascer é abrir-se, a cada hora de uma maneira nova,
flexível e maleável às energias que são captadas das fontes verdadeiras.
Renascer é identificar-se à doação, é confiar na grandeza do uno infinito e
entregar-se ao trabalho de forma consciente e ativa.
Pois, não se pode ao mesmo tempo ser e não ser, crer e
duvidar, querer e recusar. As regras do mundo são válidas, no plano dos
fenômenos, mas as leis eternas têm suas coordenadas que não podem ser alteradas
pelo medo ou despreparo de quem busca a libertação.
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