quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Luz Universal

No ensinamento oriental, a expansão da consciência, tentando a universalidade de pensamento, é de primordial importância. O homem, no seu viver diário e envolto nas solicitações exteriores e sensoriais, dificilmente alcança a compreensão e, menos ainda, a vivência ou consciência da onipresença e sua participação nela.

Nada existe fora dessa energia cósmica que tudo interpenetra, anima e vivifica. E, nada existe diferente dela, em lugar algum do mundo. Essa grande unidade de energia, força e perfeição é chamada Deus, Luz universal, Fonte original, etc., mas todos reconhecem que é a natureza e o começo de tudo.

Vê-se aí que a origem de tudo é boa e perfeita, sábia e equilibrada. Só os seres que tentam, por processos mentais, se separar da comunhão com o todo, sofrem carência e privação. O individualismo humano é a grande ilusão de uma personalidade com poderes e inteligência própria e separados do todo. 

Essa ilusão é chamada, no Oriente, de Maya e a todos envolve até que o caminho interior, devidamente percorrido, abre a porta à realidade do próprio EU, que é o átomo perfeito da Vida una. Daí a importância que se dá, no Oriente, à concentração e à meditação, caminhos férteis de autoconhecimento e liberação.

Quando se procura aproximar-se da própria realidade interna, do verdadeiro EU é que se passa a conhecer, mais e mais, a frágil aparência que, por longo tempo tomamos como sendo nossa individualidade. Quase todo o plano de vida traçado por aquele que encontrou o caminho vai caindo por terra, impulsionado pelo crescente renascer, de incontrolável força. As regras mais significativas do jogo mundano perdem o sentido, dissolvem-se no vazio.

Posição, nome, apegos, carreiras, tudo toma uma atmosfera de irrealidade e se desfaz como fumaça leve, ao sopro do vento do conhecimento real. O alargar dos horizontes dá uma perspectiva nova que palavra alguma pode explicar ou descrever. A transformação interna, inicialmente tímida, ganha um dinamismo insuspeitado e incontrolável, como acionado por invisível mão superior. As modificações, a cada hora, aprofundam-se mais, firmam-se em novas bases, refazendo um escalonamento de valores internos e externos, que não pode ser concebido pelos que ainda dormem o sono da irrealidade do Ser.

Por isso, os choques são muitas vezes inevitáveis, entre a perspectiva clara que se abre ao que busca, e o conjunto de leis que formam o mundo fenomenal, onde se debate a maioria dos homens.
           
Renascer é abrir-se, a cada hora de uma maneira nova, flexível e maleável às energias que são captadas das fontes verdadeiras. Renascer é identificar-se à doação, é confiar na grandeza do uno infinito e entregar-se ao trabalho de forma consciente e ativa.

Pois, não se pode ao mesmo tempo ser e não ser, crer e duvidar, querer e recusar. As regras do mundo são válidas, no plano dos fenômenos, mas as leis eternas têm suas coordenadas que não podem ser alteradas pelo medo ou despreparo de quem busca a libertação.

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